A situação hídrica do país tem gerado apreensão. Enfrentamos uma estiagem histórica que ameaça comprometer o abastecimento de água da população e nossa capacidade de gerar energia. Projeta-se para novembro que os reservatórios brasileiros atinjam seu pior nível em 20 anos, operando com apenas 10% da capacidade.
Tal situação já se reflete no preço da energia elétrica, que vem sofrendo sucessivos reajustes nos últimos meses. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou um aumento de mais 20% na chamada bandeira vermelha. Já circula a informação de que em julho a tarifa pode subir algo como 60%. Dependemos cada vez mais da energia gerada por termelétricas, mais cara e poluente.
O setor da construção civil observa com apreensão essa tendência. Energia elétrica é insumo essencial não apenas no canteiro de obras, mas também indiretamente, na produção de outros insumos como cimento, aço e alumínio. Este último, por exemplo, tem 50% do seu custo formado pelo gasto com energia. O aumento na tarifa também impacta o bolso do consumidor, que perde poder de compra e deixa de considerar investir em um imóvel no curto prazo.
A situação é particularmente preocupante pois o setor da construção já enfrenta sucessivas altas nos preços dos insumos, especialmente do aço, puxadas pelo aumento da demanda internacional. Isso inflaciona o valor dos empreendimentos e derruba o volume de investimentos em novos projetos.
Uma das consequências imediatas do encarecimento da energia elétrica será o aumento na importação de alguns materiais. Contribui o fato de que o dólar vem apresentando queda gradual, o que deve se manter até o final do ano. Nessas condições, é natural que o insumo estrangeiro fique mais atraente para o empreendedor nacional. A solução é paliativa, e tende a impactar negativamente o desempenho das empresas brasileiras produtoras de insumos.
O que se espera, portanto, é reverter essa tendência de inflação. A construção civil teve um desempenho excelente em 2020, gerando emprego e renda mesmo em meio à pandemia e impedindo uma queda ainda mais acentuada da economia brasileira. Não podemos permitir que o descontrole no preço da eletricidade ponha em xeque essas conquistas.
Autor: Cezario Caram | Diretor Presidente na Construtora Ribeiro Caram Ltda.
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